A vereadora Gláucia Berenice (DEM), presidente do Fórum Permanente de Discussão de Políticas de Atendimento às Mulheres, abriu nesta quinta-feira o Mês de Alerta à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). Participaram remotamente o professor José Mauro Braz de Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Dr. Denis Lamblin, presidente da SAF France e da SAFTHON. Segundo os especialistas, mais de 50 mil crianças são afetadas pela SAF por ano no Brasil.
A informação foi apresentada por Lima e endossada pelo pediatra francês, mas ambos frisam que provavelmente o número é muito maior devido à subnotificação dos casos. Segundo Lima, todos os anos são três milhões de mulheres grávidas, algo em torno de 1,5% da população e parte delas faz uso do álcool em, ao menos, algum momento da gravidez. “Não há dose segura de uso do álcool na gravidez”, alertou Lima.
O professor ressaltou que, pior que os efeitos físicos no bebê derivados do uso do álcool, são os efeitos no aprendizado e no comportamento e a falta de teste neonatal para diagnóstico precoce agrava o problema a médio e longo prazos. “Quando fazemos um trabalho vinte anos depois (do nascimento), os jovens afetados estão em abrigos, hospitais psiquiátricos, encarcerados, envolvidos com a prostituição, tráfico de drogas e envolvimento em outros crimes”, revelou.
Lamblin informou que a França e o Brasil, através da UFRJ, estão fazendo um trabalho conjunto para promoção da igualdade visando manter essas crianças na escola, afim de não se tornarem delinquentes. Ele disse ainda que a SAF é tão perigosa que uma advertência deveria ser escrita nas garrafas. “Com a chegada da pandemia, o consumo de álcool aumentou muito principalmente entre os mais jovens e temos que alertar essas jovens grávidas. Esse empenho que tem em Ribeirão Preto precisa se espalhar por todo Brasil”.
Ambos reforçaram que a SAF é um problema grave de saúde pública e a resposta deve ser dada por políticas públicas bem organizadas e com formação e informação como vem fazendo o Fórum presidido pela vereadora Gláucia há doze anos.
Tanto os especialistas convidados quanto a presidente do Fórum destacaram que a doença é 100% evitável, bastando abster-se do consumo de qualquer bebida alcóolica durante a gestação. “É algo que nos desafia como assistentes sociais, educadores e profissionais da saúde por ser uma síndrome evitável e o período de abstenção de álcool muito curto em vista do dano que a substância causa numa criança que terá que carregá-lo por toda a vida. É um compromisso nosso, ano após ano, fazer eventos, palestras, debates, divulgação e tudo ao nosso alcance para que cada vez menos crianças sofram com a SAF”, discursou a vereadora na abertura.
O Mês de Alerta à Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) foi instituído por lei da vereadora Gláucia Berenice e é realizado desde 2010. A SAF é caracterizada por redução do crescimento cerebral (microcefalia) e é a principal causa do retardo mental passível de prevenção em crianças. A esses efeitos, soma-se a má formação crânio-facial (dismorfia). Estima-se que a cada 100 mil crianças, entre 100 a 400 apresentam retardamento completo ou parcial ocasionado pelo consumo de bebidas alcoólicas durante a gravidez. Não há limite seguro em quantidade ou frequência de consumo de bebidas alcoólicas que isente as crianças dos riscos da SAF.
A secretária de Assistência Social, Renata Gregoldo, esteve presente no evento representando o prefeito Duarte Nogueira e o prefeito de Morro Agudo foi representado pelo médico Thiago Alves Hungaro. A abertura também contou com representantes da Diretoria Regional de Ensino, secretarias municipais da Educação e da Saúde e Sanatório Vicente de Paulo. Todos os órgãos e entidades presentes fazem parte do Fórum que organiza os eventos voltados à prevenção da SAF no mês de setembro.
Texto: Assessoria Gláucia Berenice
Fotos: Allan S. Ribeiro (MTB 0081231/SP)
